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A Cor da Escrita

Páginas onde a ilustração e o desenho mancham de cor as letras nascidas em prosa ou em verso!

Páginas onde a ilustração e o desenho mancham de cor as letras nascidas em prosa ou em verso!

A melhor prenda de Natal: um livro

30.12.19, Olga Cardoso Pinto

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Olá!

Estive uns dias ausente daqui do meu cantinho. Espero que o vosso Natal tenha sido bem desfrutado em família e em feliz celebração.

Hoje falo de prendas natalícias. Quais as vossas melhores prendas deste Natal? A minha é um livro que recomendo pela sua revelação, pela sua beleza, pelos seus esclarecimentos e ensinamentos. Para os leitores que adoram a Natureza e não só!

"A Vida Secreta das Árvores" de Peter Wohlleben revela-nos o mundo misterioso das árvores. Anteriormente referi o video aqui, como apresentação para uma obra que nos mostra a espantosa vida na floresta. Talvez esteja na hora de prestarmos mais atenção a todo um mundo que nos envolve e que não fala como nós, seres humanos, mas comunica e sente como todos os seres vivos.

 

Um ano a blogar

Como construí uma alma nova

17.12.19, Olga Cardoso Pinto

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O meu blog faz hoje um aninho! É pequenino, ainda agora começou a andar…, porém já tem muitos amigos que o visitam, uma equipa pronta para ajudar e dar-lhe o destaque quando o merece e é mimado pelas amizades que aqui no Sapo Blogs foi ganhando. Ainda tem muito para revelar, muitas sensações para sentir, mas isso só o tempo o dirá, porque até ser velhinho há muitas oportunidades e experiências para viver!
O meu blog é uma parte, uma metade de mim, uma alma nova que se desnovela em escritas, leituras, ilustrações, desenhos e fotografias que nascem ao sabor da imaginação e do estado de espírito que em cada momento se escapam para o papel ou para o ecrã do computador. Também é o resultado de muita motivação, apoio e incentivo pelo companheiro e filhos com quem partilho a vida, projetos e sonhos que se vão esboçando, alguns concretizando-se ao longo deste bordado existencial.

"A única maneira de teres sensações novas é construíres-te uma alma nova."- Fernando Pessoa

Dezembro!

16.12.19, Olga Cardoso Pinto

Feliz Dezembro!.pngDezembro! És o último dos meses, encerras o desfilar do tempo nas folhas do calendário. Nasceste envolto em neblina, frio, dias mendinhos e longas noites, no entanto és cheio de festividades e celebrações.

O solstício de inverno continua celebrado em ti pela natureza que se enovela para letargicamente viver em suspenso.
Em ti nasceu o amor que me cativou, o filho segundo num desejo assoberbado e a fraternidade de uma alma semelhante à minha!
Em ti faço balanços de um ano vivido e equaciono o novo que me aguarda. Projetos, sonhos, desejos…enaltecimento e gratidão!

Poesias de Natal

Ary dos Santos

13.12.19, Olga Cardoso Pinto

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Quando um Homem Quiser


Tu que dormes à noite na calçada do relento
numa cama de chuva com lençóis feitos de vento
tu que tens o Natal da solidão, do sofrimento
és meu irmão, amigo, és meu irmão

E tu que dormes só o pesadelo do ciúme
numa cama de raiva com lençóis feitos de lume
e sofres o Natal da solidão sem um queixume
és meu irmão, amigo, és meu irmão

Natal é em Dezembro
mas em Maio pode ser
Natal é em Setembro
é quando um homem quiser
Natal é quando nasce
uma vida a amanhecer
Natal é sempre o fruto
que há no ventre da mulher

Tu que inventas ternura e brinquedos para dar
tu que inventas bonecas e comboios de luar
e mentes ao teu filho por não os poderes comprar
és meu irmão, amigo, és meu irmão

E tu que vês na montra a tua fome que eu não sei
fatias de tristeza em cada alegre bolo-rei
pões um sabor amargo em cada doce que eu comprei
és meu irmão, amigo, és meu irmão

Ary dos Santos, in 'As Palavras das Cantigas'

Ponto a Ponto se une um Conto

Histórias de uma Árvore - 3º capítulo

12.12.19, Olga Cardoso Pinto

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Olá Amigas e Amigos Leitores! Hoje partilho o último capítulo do conto Histórias de uma Árvore e com ele termino a rúbrica Ponto a Ponto se une um Conto, entretanto regressará após as festividades. Espero que tenham gostado das leituras às quinta-feiras e aguardo a vossa presença em futuras tertúlias de contos ou outras ficções aqui no blog.

Obrigada pelo vosso apoio e simpatia!

Bjs

 

 

     Maio chegou pleno de sol, de dias longos e noites cálidas. Os grilos cantavam ao desafio melodias repetitivas juntando-se ao coaxar das rãs que habitavam o ribeiro.
     Ainda todos dormiam, quando a antiga árvore despertou, olhou em volta e sorriu! Respirou fundo e agitou os ramos, mas ao de leve, não queria que a passarada caísse ao chão! Aos poucos lá foram acordando, aves, mamíferos, insetos e tantos outros que o Freixo parecia enfeitado como uma árvore de Natal!
     — Bom dia, meus queridos amiguinhos! Sei que dormi demais! Mas que querem!? Estou velho e isto de estar a falar horas e horas cansa, e muito!
     O velho Freixo revelou ter mais de seiscentos anos, que fora acarinhado e atormentado ao longo de tantas épocas.
     — Vi cruzados e cavaleiros, senhores e criados! Povos de outras línguas e países. Vi as vontades e os tempos mudarem, e eu sempre aqui a crescer, a agarrar-me ao chão, a envelhecer erguendo-me para os céus. As minhas raízes estão cada vez mais fundas, dirigem-se para o interior, para o centro da Terra! Talvez um dia encontre o seu coração incandescente!
     — Nãooo! – retorquiu inquieto o mocho. – Assim podes queimar-te, irmão Freixo!
     Então, o Freixo ancião revelou que há muitos séculos tivera a sua vida em risco quando um relâmpago o atingiu numa noite de um verão tórrido. Que se enamorara pela jovem que o plantara, e que cuidara das suas queimaduras, desejando poder transformar-se num rapaz! Ela abraçava-o tanto, falava-lhe da sua vida, dos seus sonhos…
     — Bem, mas isto são estórias passadas! – e calou-se tristonho, talvez com saudades da rapariga pela qual se enamorou. Todos queriam saber o que se passou com a moça, onde estaria, quem era…, mas ele nada revelou, voltou a calar-se e embrenhar-se no seu silêncio. Por aquele dia terminara a partilha de memórias.

     O verão revelou-se abrasador, dias quentes que consumiam as energias, o alimento e a água. O ribeiro ia ralo, aos poucos as ervas e as plantas morriam, deixando o campo manchado com o tom da seca.
     Os animais, as plantas e todos os seres gritavam por água! Então, o velho Freixo condoído pela dor dos amigos e de todos os seres, abriu a boca larga e cantou… a melodia envolveu o ar, redopiou e foi levada pela brisa até às nuvens. Como ordenadas e comandadas por uma forte vontade, as nuvens juntaram-se, formando grandes almofadas cheias de água, com chuva prestes a cair dando de beber à terra e ao ribeiro ávidos, sequiosos daquela água límpida e retemperadora.
     Os Homens nada viram assim, a chuva providencial de onde viera? Salvaram-se as reservas de água, os campos e os futuros cultivos. Abençoada chuva! Os animais estavam admirados! O seu amigo Freixo tinha poderes! Conseguira fazer chover, salvando-lhes a vida!
     Foi então que naquele final de tarde, uma criança de andar vacilante veio sentar-se debaixo da árvore abrigando-se da chuva que caía copiosamente. Trazia consigo um caderno e começou a desenhar ao mesmo tempo que cantarolava uma melodia que o Freixo reconheceu! Bateu-lhe forte o coração de árvore, ribombou no mais recôndito do seu ser, aquele músculo que bombeava a seiva para que vivesse eternamente. Ficou tentado e tocou-lhe ao de leve nos cabelos e ela sentindo, olhou para cima e sorriu! Depois, virou para ele o desenho e disse-lhe:
     — És tu! Gostas? – sorriu novamente, dando vida às covinhas que tinha nas bochechas.
     Os bichos estavam todos intrigados, escondidos entre os ramos e na vegetação que ladeava a árvore. A menina ouviu o restolhar e chamou, sem medo, divertida por ali estar. Os coelhitos, os esquilos, as cobras e tantos outros, foram ter com ela, primeiro hesitando, a medo, mas a criança estendeu-lhes as mãos papudas, cheiravam a alfazema e alecrim.
     — O sol já voltou, posso ficar mais um bocadinho? – perguntou ela ao Freixo.
     Ele respondeu-lhe com um aceno de copa. E ficou quase até à noitinha, desenhando e brincando em volta do Freixo, apanhando algumas ervas tentando os gulosos coelhos e esquilos que, entretanto, se revelaram e corriam em brincadeiras tontas. Depois abraçou a árvore e disse-lhe:
     — Amanhã volto! Posso?
     Ele, mais uma vez, afagou a cabeça da criança, mas nada respondeu para não a assustar.
     Nos dias seguintes a menina voltou, instalou um baloiço no qual passava os dias a elevar-se no ar, tocando com as pontas dos dedos a imensa copa da árvore. No interior do tronco, onde o relâmpago escavara um buraco, a criança depositou uma pequena caixa de madeira delicadamente trabalhada. No seu interior guardara três flores: uma rosa vermelha, uma margarida viçosa e uma zínia branca. Confirmou que a caixa estava bem resguardada e segredou ao velho Freixo que este seria o seu segredo, o seu tesouro. A formosa caixa foi envolvida pelas heras que se enroscavam e subiam pelo velho e rugoso tronco, ocultando o segredo partilhado entre a árvore anciã e a amorosa, bondosa e inocente criança.
     Os animais, já acostumados com a sua pacífica presença, acercavam-se da menina e brincavam à sua volta, aguardando pelas guloseimas que ela lhes trazia em forma de cenouras, alfaces e maçãs.
     As semanas foram passando e o outono ganhava vida, voltava para colorir de tons ocres e alaranjados as cabeleiras das árvores.
     Numa dessas manhãs já frias, que da boca saem palavras de fumo e o nariz fica a pingar de enregelado, a menina trazia no cesto de vime rebentos de freixos, jovens e delgados. Com as pequenas mãos fez algumas covas e plantou mais duas árvores.
     — Vão crescer e ser os teus companheiros! Serão a casa dos pássaros, dos esquilos, dos bichos de conta, das formigas, dos coelhos…assim vocês poderão fazer chover e não haverá seca, nem animais mortos de sede, haverá pasto e água para todos! - acercou-se do velho Freixo e abraçou-o. — E tu, vais ter companhia para sempre!!!
     O Freixo comovido por tanta bondade, deixou que um dos galhos roçasse ternamente o rosto da criança. As folhas já eram poucas, dando um aspeto desgastado à árvore antiga, mas ela não se importou, pois sabia que dali a uns meses voltaria a florir e a ter as suas lindas folhas. A menina permanecia abraçada aquele tronco rugoso, áspero, mas acolhedor e terno. Sentiu dentro dele o bater da vida, da ancestralidade que os ligava e ouviu uma melodia, reconheceu-a e cantou também. As vozes entoaram juntas até ao céu, fazendo as nuvens agruparem-se, envolverem-se e gerarem dentro de si o líquido essencial à vida, depois choveu, choveu durante muito tempo! Ficaram assim envoltos naquele abraço que abarcava dois seres, dois mundos tão diferentes e tão iguais!
     Emanou do Freixo um ligeiro orvalho que cobriu as folhas, a menina e tudo em volta. Cheirava a terra, mas também a mar, a flores silvestres e a musgo. Era a chuva mansa produzida por uma árvore tão antiga, conhecedora do mundo, embora nunca dali tivesse saído! A menina sentiu no rosto, nas mãos e nos cabelos aquela humidade sã, aquele pulsar de vida que emergia do sábio Freixo, levantou o rosto para o admirar e ele, pela primeira vez abriu a sua boca e proferiu baixinho, quase em sussurro:
     — Eu sou a Árvore da Vida! Eu e tu partilhamos um segredo!

 

 

FIM

Poesias de Natal

Fernando Pessoa

10.12.19, Olga Cardoso Pinto

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Natal na Província

Natal... Na província neva.

Nos lares aconchegados,

Um sentimento conserva

Os sentimentos passados.

 

Coração oposto ao mundo,

Como a família é verdade!

Meu pensamento é profundo,

Estou só e sonho saudade.

 

E como é branca de graça

A paisagem que não sei,

Vista de trás da vidraça

Do lar que nunca terei!

 

Fernando Pessoa, in 'Poesias'

Ponto a Ponto se une um Conto

Histórias de uma Árvore - 2º capítulo

05.12.19, Olga Cardoso Pinto

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Bom dia! Mais uma quinta-feira e mais um capítulo. Neste excerto de hoje a velha árvore falará? Se o fizer, o que dirá? Neste recanto campestre há muita atividade e conversas para pôr em dia! Vamos espreitar?

Bjs

 

 

     O dia nasceu nublado, vinham de norte as nuvens enfunadas e maldispostas! Os pássaros arrepiados faziam breves incursões aos campos, tentando aquecer-se com as atividades matinais.
     As rolas, sempre atentas e grandes cuidadoras da árvore anciã, acercam-se dela estranhando ainda dormir. Com bicadinhas leves querem acordá-la, fazem-lhe cócegas entre as placas da casca, mas ela não se mexe!
     — Estará morta?
     — Acho que não…
     — Como saberemos se morreu? Todas as árvores morrem de pé!
     — Nem todas! E aquelas que são atiradas ao chão pela ventania ou pela mão do lenhador ou do malfeitor que nos rouba a casa, a sombra e a companhia?
     — Vou dar-lhe mais umas bicadinhas!
     O Freixo sentindo o repuxar na grossa casca, estremeceu e agitou os ramos, roncou alto e bocejou! As rolas assustaram-se e esvoaçaram durante breves momentos.
     Tudo parou! O vento do norte, frio e insensível, calou-se. As aves afoitas pousaram nas ervas enfeitadas de pérolas de orvalho, as abelhas calaram-se…o silêncio imperou! Então, uma voz cava e silenciada durante anos, durante séculos falou:
     — Porque me acordam? Deixem-me dormir até as manhãs serem mais quentes! Até as flores desabrocharem em pleno, para que as abelhas encham de pólen as suas colmeias, até virem as joaninhas e outros insetos cantarem-me melodias vibrantes, as aves migrantes voltarem e trazerem-me novidades doutros lugares e doutros tempos!
     Todos se olharam, admirados, atónitos pela velha árvore finalmente proferir palavra! O som da sua voz era estranho, quase assustador, mas ao mesmo tempo encantador, de uma sonoridade ancestral, era o som de uma voz antiga que estivera calada muito tempo e que surge rouca e cheia de vida!
     Estavam todos a seus pés, junto das suas largas e profusas raízes, olhando admirados, de cabeças e olhitos levantados para a majestosa árvore, sua protetora, divindade e mestre!
     A coruja acordou com tal rugido. Sempre pronta e sabedora, acercou-se da velha árvore:
     — Perdoa-nos, grande anciã! Preocupamo-nos por te ver dormir tão profundamente, e as irmãs rolas, que tanto te adoram e que de ti cuidam, pensaram que estivesses doente!
     — Doente!? Eu!? Ah, ah, ah! Sou velho, mas doente não! Como posso estar doente!? Eu que alimento e curo as maleitas do gado. Da minha casca e das minhas folhas os Homens fazem curas para a gota e reumatismo! E ainda curo as feridas e tiro a febre!
     Todos estavam admirados, não só por aquela voz que entoava, ressoando pelo lugar, mas também pela sabedoria que emanava daquela boca natural, talhada num tronco rugoso que se dividia parecendo que dele surgiam mais árvores que trepavam por ela acima, de braços elevados ao alto até uma copa cheia e verdejante.
     Alguns coelhitos saíam a medo das tocas, ouviram a conversa e curiosos sentaram-se perto do velho Freixo. Um pequenino, ainda nada habituado à convivência com outros seres, achou interessante aquele dispersar de raízes, semelhantes a dedos, que se estendiam pelo campo fora, saltitou e foi mordiscar ao de leve nas pontas. O Freixo deu uma gargalhada profunda ao sentir as cócegas, todos se sobressaltaram.
     — Pequeno irrequieto! Não te ensinaram que não deves afiar os dentinhos nos pés dos outros? Mas deixa-te estar, nada temas, pequeno!
     O pequeno coelho ia a afastar-se para se refugiar junto dos pais, porém estancou ao ver que a árvore se dobrava para o acariciar ao de leve com os ramos.

     O dia ia avançando e o sol curvando no horizonte, já passava do meio-dia. A passarada esquecera-se de comer! Ouviram estórias desfiadas de tempos esquecidos, memórias longínquas daquela árvore que vivera muito, presenciando o desenrolar do tempo, dos dias e das vidas!
     — Há quantos anos vives, velho Freixo? – interrogou o pintassilgo.
     — Ohh! Isso já nem sei bem! Fui plantado aqui por uma jovem que tinha segredos nas mãos e no coração! Oh, foi há tanto tempo! O correr dos tempos pode pregar-nos partidas, sabias? Assim como as minhas raízes se entrelaçam, assim são as minhas memórias… — e quedou-se pensativo.
     Aves, esquilos, coelhos, insetos e demais bichos aguardavam pelo resto da conversa, mas o Freixo cansado adormecera, entrelaçando no tronco uma raiz que lhe crescera do buraco que surgira há muito no seu corpo velho e rugoso.
    — Deixá-lo dormir! Vamos nós comer! Daqui a nada é noite e nós de barriga vazia!

    Passaram-se os dias e o Freixo ainda dormia! O seu dormir era como a sua vida, suspensa no tempo, no desfiar dos dias e dos acontecimentos que marcam uma era.
Do alto da sua copa, dos Homens viu guerras, viu batalhas, amores vários, juras e uniões. Viu o nascimento dos pássaros, mortes e tristezas mil, mas também o desabrochar de novas vidas e esperanças. Viu o mudar das estações, dos tempos e das vontades. Viu irmãos seus serem abatidos para serem barcos, indo retalhados para longe, à descoberta de novos mundos. Outros foram consumidos pelo fogo que lhes lambeu os pés fortes, tombando carbonizados pela indiferença e maldade.
     Na sua sombra acolheu ovelhas e cabras e Homens. No inverno os cogumelos adornam-lhe os pés e os mais atrevidos enfeitam-lhe o tronco, como o musgo que o agasalha do frio intenso.
     Quando as folhas brotam de mansinho, depois das últimas flores desaparecerem, o velho Freixo rejuvenesce, mas só agora falou, esteve calado muitos séculos. Todos perguntavam porquê!
     Nessa noite os bichos deitaram-se tarde, estiveram a conversar e combinaram perguntar à árvore, mal ela despertasse, o que a fez falar e partilhar as suas memórias com eles, simples seres que se abrigavam e viviam dependentes daquela árvore centenária!

 

Continua