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A Cor da Escrita

Páginas onde a ilustração e o desenho mancham de cor as letras nascidas em prosa ou em verso!

Páginas onde a ilustração e o desenho mancham de cor as letras nascidas em prosa ou em verso!

A penca para a sopa

30.11.20, Olga Cardoso Pinto

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Na hora de fazer o jantar podem acontecer coisas interessantes! Verdade...não acreditam? Fazem mal. Há toda uma realidade alternativa digna de ser retratada. Não preciso de ir em viagem, nem caminhadas inspiradoras, basta pegar nos legumes para a sopa, em especial na penca. Não era uma penca qualquer, era a penca do lavrador, sem aditivos e sem químicos, cuidada e mimada como todo o legume deve ser. Assim mimada cresceu tenra e verdinha, abrigando nas suas folhas e no seu robusto talo simpáticos inquilinos. Ao limpá-la sob a corrente de água fresca oriunda da torneira, vislumbrei o resultado (e bem avultado) do que fora uma farta refeição de gastrópode. Com cuidado, manuseei-a e dei de caras com estes "manos" fotogénicos que se prestaram para a reportagem! Foi um encontro muito especial. Agora vivem num bonito vaso, com uma excelente vista e comidinha sempre ao dispôr.

Muita vida se passa numa penca!

Boa semana

 

Caminhadas inspiradoras

24.11.20, Olga Cardoso Pinto

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Ser o caminho


Vem comigo dá-me a mão. Faremos o caminho a par, trocaremos breves palavras. Os nossos olhos são o guia, admiramos a paisagem e num fôlego entrecortado abarcamos com o olhar, e quiçá com o coração, toda esta vista. Somos nada e tão pouco. Somos o todo e um. Daqui avisto a vida, o meu eu do que sou feita, neste nosso caminho percorrido em constante contemplação. Respiro o frio que me enche os pulmões. Subimos mais um pouco e aí vejo como o céu é desejado pelo que em mim tenho de invisível. Os meus sentidos e todo o meu corpo se apaixonam pela imensidão da natureza e da vida sem gente. Lá longe um espelho de água, sempre a água e o verde, e a rocha, a montanha e Tu…a meu lado calado, só em meus olhos encontras as palavras de uma mirada quente que troco contigo. Fizemos o caminho juntos.

 

26.04.2019

Foto: Picos da Europa, lago Enol

 

Há dias em tempos de pandemia...

19.11.20, Olga Cardoso Pinto

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Há dias, muitos dias, transformados em semanas, meses que vivemos em pandemia. Há promessas, há desalento, desmotivação e desespero.

Gostaria que houvesse mais notícias positivas, não para nos arrastar para uma realidade alternativa a fingir que está tudo bem, mas para que a expectativa não desaparecesse dos dias, do futuro, de todos nós – novos e velhos. Desejo que ainda haja palavras de regozijo, ações de alegria, elogio e apoio.
Estes dias em tempos de pandemia não são fáceis para ninguém, nunca o foram noutras pandemias. Mas, há países em que não é só a pandemia que domina o quotidiano, há a guerra, a fome e as atrocidades cometidas contra populações alheias aos interesses de poder e de domínio. Mesmo aqui, neste nosso país, há quem viva dias de incerteza e angústia causados por doenças e debilidades que lhes vão minando o corpo e a alma. Há quem não saiba como alimentar a família, como manter o emprego. Há quem viva os dias dependendo de ventiladores, cuidados por outros, que abnegadamente, se entregam ao cuidar para os manter ligados à vida. Há quem recupere dando tempo ao corpo ansioso para voltar ao bem-estar. Há quem anseie por companhia, por palavras de conforto, por um abraço, um sorriso ou por um beijo.

Gostaria de dizer ao Mundo que ainda há muito para viver, para esperançar, para projetar e Sonhar. Apesar de tanto e disto tudo, hoje há uma palavra para ti que aqui estás a ler este texto, há um sentir transformado numa palavra tão bonita empregue em momentos belos da vida, desde a conceção à disposição de espírito. Ofereço-te esta palavra sentida, bela que ganha vida quando combinada com o ser e o estar: Esperança! Tenhamos Esperança. Nunca a percamos.
DUM SPIRO SPERO: enquanto respiro, tenho esperança!

 

 

A Árvore Mãe

17.11.20, Olga Cardoso Pinto

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Uma árvore frondosa, de tronco largo sulcado pelo tempo, ergue-se vaidosa na sua idade no meio de um bosque. Cresceu forte e imponente rumo à luz e adentrando-se no solo, apesar de ter sido açoitada ao longo da sua vida por tempestades, pela seca e devastações. É um ser resistente e temerário. Das suas raízes germinaram rebentos que se fizeram árvores tenras, formando este bosque que se desenrola à sua volta. Estas árvores filhas, que à volta da sua mãe se erguem também elas para a luz, multiplicaram-se dando origem a mais rebentos frescos, inundando o fértil solo de veias que se entrelaçam numa infinidade de motivos intrincados, decididos a avançar pelo solo a conquistar o seu lugar na vida vegetal.
Quando na primavera as copas se enchem de folhas de um verde vibrante e de sombra, a antiga árvore estremece de felicidade e embala as aves que a adornam. A sua seiva carregada de emoção escorre e alimenta as árvores filhas que a circundam quase como num abraço florestal, pois sente que a vida escorre tal como a seiva dando continuidade ao seu legado. Todo o bosque cintila, à luz da manhã, em volta da pululante progenitora. Ela observa do alto da sua sabedoria todos os seus descendentes que se ramificam e que irão criar uma imensa floresta, assim como ela crescerá rumo ao sol, à luz, agarrando-se ao solo, alimentando-se da ancestral seiva continuando a entrelaçar as suas densas raízes.

 

Dedicado à minha querida Mãe que celebra hoje 86 anos

 

Fotos do meu álbum

Caminhadas pela Natureza

12.11.20, Olga Cardoso Pinto

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Foi um passeio retemperador pela manhã, a chuva não me ausentou de ti. Fui visitar-te e acolheste-me com o perfume do outono fresco que inunda as tuas vestes. Respirei fundo e deixei que este odor perfumasse a minha alma. Estavas ali, à minha espera, incólume, somente transformada pela estação, linda e convidativa. Assim, neste enlevo esqueci a vida, esqueci este quotidiano que me assombra, que me faz vacilar nas minhas escolhas e nos meus sonhos.

Como tive saudades tuas! Saudades do teu sábio poder de me animar e de me reconfortar, só não me deitei ao teu lado por pudor, porém deixei que me envolvesses neste amplexo natural, tendo como fundo uma serenata composta pelo cantar das aves, pelo correr do regato e pelo sopro do vento revolvendo-me os cabelos...fizeste-me voltar a sentir felicidade.

Hoje ainda me sinto renovada, tenho o meu ser impregnado de ti, minha querida Natureza.

 

Foto: Parque de Avioso (Maia)

 

Luminescência

09.11.20, Olga Cardoso Pinto

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Deixa-me aproveitar este pedaço de céu, torná-lo meu por mais um dia
Aproveitar a despedida do sol que se vai deitar para este lado do mundo
Deixa-me ficar aqui e apreciar as aves que se recolhem neste entardecer
Aproveitar a finitude da tarde, dos sons e das vontades, do crepúsculo
Deixa-me quedar neste restolhar da luz que se infiltra na minha alma
Aproveitar o que ainda resta da cor, da intensidade desse adeus luminoso
Deixa-me entardecer, ser luminescente, deixa-me o arrebol que tinge meu olhar.

 

 

Reflexões

06.11.20, Olga Cardoso Pinto

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Num espelho,
refletido vejo o tempo que passa com pressa
dessa corrida por vezes dispersa
a vida que teima em vingar
a saudade de um lamento contar
histórias bonitas para aprender
a ser alguém sempre a crescer
para a luz que revela o caminho
com um destino às vezes sozinho,
o que importa é viver sem pressa
a viagem de quem vai e que nem sempre regressa

 

Foto: trilhos do Sistelo - Arcos de Valdevez