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A Cor da Escrita

Páginas onde a ilustração e o desenho mancham de cor as letras nascidas em prosa ou em verso!

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A Paz

Conto

09.01.21, Olga Cardoso Pinto

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Era uma vez um menino que se acercou do avô e lhe perguntou o que era a Paz. O idoso conhecedor da guerra que os Homens fazem pelo poder e pelo domínio, respondeu de olhar doce bebendo a expressão do neto:
— Sabes meu pequeno, a Paz é muito mais do que não haver guerras. A Paz é como uma árvore…
— Uma árvore, avozinho? Como assim?
— Sim uma árvore. A árvore antes de o ser terá de ser semeada. A semente lançada à terra, para germinar terá de ser cuidada em bom solo, com luz e água, mas isto só não chega…terá também de ser muito acarinhada com constantes cuidados, mesmo quando já for uma árvore majestosa para que não perca o viço e a vida. Assim será uma árvore frondosa onde possa abrigar na sua sombra muita gente, animais e outras árvores.
— Ahhh! E mais avozinho?
O velho sorriu prevendo que a conversa não ficaria por ali. Então prosseguiu:
— A Paz também reside em cada um de nós, sabes? — face ao espanto que se formava nos olhos da criança, colocou o dedo indicador no tenro peito, mesmo onde batia o seu pequeno coração. — Sim…reside aqui. Deverá germinar, assim como a árvore, em todos os corações.
O rapazinho arregalou ainda mais os olhos por tal revelação:
— Mas como pode isso ser?
— Oh sim, pode. Quando te deitas à noite e adormeces feliz, sem pesadelos ou preocupações que te consumam? Isso é Paz. Quando no final do dia sentes que te superaste na tarefa ou não causaste nenhum mal contra um amigo ou familiar, contra ti próprio ou à natureza e aos animais? Isto também é Paz…e sabes meu pequeno, aquela calma que sentes quando o teu ser está preenchido de felicidade? Isso é a Paz.
A criança suspirou e de sorriso preso na boca rosada, abraçou o avô e assim se deixou ficar por longos momentos.
— Sabes avozinho? Acho que oiço a Paz aqui no teu coração! Ouvi-lo assim a bater tão forte como um tambor contra o meu faz-me sentir feliz e ser feliz é ter Paz!

 

Este conto, aqui publicado na íntegra, foi redigido para o Desafio da Paz a convite da Ana de Deus, em dezembro de 2020.