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A Cor da Escrita

Páginas onde a ilustração e o desenho mancham de cor as letras nascidas em prosa ou em verso!

Páginas onde a ilustração e o desenho mancham de cor as letras nascidas em prosa ou em verso!

Ainda há boas notícias

31.05.22, Olga Cardoso Pinto

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Ainda há notícias boas, espetaculares, que nos enchem de curiosidade e orgulho, também. Notícias, que nos fazem ter esperança por haver ainda muito para descobrir e revelar nestes tempos estranhos do século XXI. A notícia a que me refiro é esta “Manuscrito original do Padre António Vieira descoberto em Roma vai ser editado”, podem ler a notícia completa aqui no Sapo 24. Esta maravilhosa descoberta foi graças ao trabalho e dedicação da investigadora Ana Travassos Valdez, que encontrou o documento original na biblioteca da Pontifícia Universidade Gregoriana, na cidade de Roma em 2020.
Esta fantástica novidade deixou-me curiosíssima para poder ler este antigo manuscrito que nos vem do século XVII e que esteve mais de trezentos anos à espera para ser descoberto e lido. Quiçá “Clavis Prophetarum” traga mensagens proveitosas para o nosso tempo. Uma traz, de certeza, é que os livros têm alma – a de quem os escreve e a das palavras que sabiamente transpõem o tempo e o espaço.

 

 

Há no Mar...

23.05.22, Olga Cardoso Pinto

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Há no mar um mistério
Que nos agarra a imaginação
Ele é mundo, um vasto império
Em constante renovação

Há no mar uma saudade
Do que parte e de quem ficar
Num embalo de eternidade
Nesse canto de prantear

Ai mar, se não fosses esse líquido retemperador
Que em revoltosas vagas rebentas com estridor
Que seria deste lugar, deste jardim aqui plantado
És o caminho deste povo que vive de olhos em ti
És o norte, és o sul, o começo e o findado
De quem suspira e se espraia, de quem ressumbra a ti.

 

 

Ilustrando sentimentos

18.05.22, Olga Cardoso Pinto

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"Ave que poisas na minha Alma, canta-me melodias de Esperança"

Pormenor da ilustração Esperança, em papel glicée, dimensões 1,50m x 1,00m

 

Ilustração concebida em 2021. Em 2022 faz ainda mais sentido a composição e o texto.

 

"Não esperes por uma crise para descobrir o que é importante na tua vida."

Platão

 

 

Transforma-te em oiro

16.05.22, Olga Cardoso Pinto

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Como as boas memórias podem transformar-se em pontes e levar-nos para lugares lindos, tempos bons, dias de criança, longos e de oiro. Dias ensolarados ou chuvosos, pouco importa, pois as memórias trazem vibrações positivas e ajudam a lembrar-nos quem fomos e no que nos transformamos diariamente.

Com vontade e carinho, puxa pelo fino fio da lembrança e trá-lo para o agora, verás como te reconstróis num desafio em jeito de puzzle. Quem foste e quem és unem-se pela memória, pela lembrança, pelo retornar ao primordial de ti. Dá voz e cor à criança que ainda existe em ti. Transforma-te em oiro, sê vivo, brilhante, luminoso e quente como o sol. 

 

 

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Escrever em ficção a História

09.05.22, Olga Cardoso Pinto

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«O velho templo de S. Salvador de Leza, no lugar de Recaredi, estava parcimoniosamente iluminado, as velas dos candelabros animavam o Cristo pregado na imensa cruz de madeira. As feições do Filho de Deus pareciam ganhar vida, o bruxulear das chamas das velas emprestavam luz e sombra ao rosto rígido talhado no lenho. Martinho tinha o olhar preso na imagem, como encantado, contemplava absorto tentando entender se Cristo lhe falaria. Talvez as horas de jejum e o completo silêncio estivessem a pregar partidas à sua mente... decidiu ajoelhar-se novamente. Uma dor trespassou-lhe o estômago, pegou no cântaro de barro e bebeu um pouco de água, sentiu-se mais aliviado e orou.
A velada de armas iniciara-se quando o sol se pôs. O jovem entrara solenemente no templo, despedira-se da mãe e do senhor seu mestre, ficando só. O jovem encaminhou-se para a capela e desembainhou a espada e colocou-a sobre o altar. Seguidamente, ajoelhou-se e rezou, depois recebeu das mãos do prior do mosteiro as sagradas escrituras das quais teria de ler e meditar ao longo da noite.
As horas iam passando, o jovem sentia-se fraquejar, tentou suplantar o mal-estar durante algum tempo, mas envolvido pela náusea do jejum, talvez pelo cansaço também, foi perdendo a noção da realidade. Sentiu-se levitar, o corpo leve como uma pena e nas narinas a sensação do cheiro doce da alfazema, o perfume da sua amada, envolvendo-o. Sentiu-se desencarnar e desapegado de tudo, da sua boca saiu o som daquele nome que o atormentava dia e noite: “Nabica! Nabica!” − tentou chamar, mas ninguém lhe respondeu, apenas o aroma perdurou após despertar, tinha desfalecido e estava deitado sobre as lajes frias do chão.»

 

Excerto do romance "O Abraço do Freixo" por Olga Cardoso Pinto

 

Foto: Igreja de Santa Maria de Leça do Balio, Leça do Balio, no concelho de Matosinhos, distrito do Porto, integrava o antigo Mosteiro. Edificado junto ao Rio Leça e orlado por frondosa floresta, ficando a pouca distância da antiga estrada romana que, cruzando o Rio Leça na Ponte da Pedra, unia o Porto a Braga, o Mosteiro de Leça do Balio já existia no séc. X.

 

 

 

A Nossa Língua

05.05.22, Olga Cardoso Pinto

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Hoje é o Dia Internacional da Língua Portuguesa.
A nossa Língua será das mais ricas do mundo, contendo tantas influências e heranças ao longo dos séculos que nos tornaram um povo tão cosmopolita. Temos tantas palavras de todas as línguas que se tornaram nesta nossa forma bela, rica e trabalhada de comunicar.
Não há como a Língua Portuguesa para vociferar, insultar ou gracejar através de locuções atiradas aos tropeções pela boca, que não se deixam embrulhar em meias palavras. Não há como a nossa Língua para escrever belos textos, canções, descrições, elogios, poemas e dissertações. É uma Língua tão rica que se pode escrever a mesma frase de variadíssimas formas.
A Língua Portuguesa é um rendilhado fino, torneado em jeito de filigrana que se ajeita em prosa ou em versos, que se inventa como a saudade, como as variações nos dialetos e regionalismos que enfeitam este país de norte a sul, e em países distantes que a tomaram também como sua, enriquecendo-a com embelezamentos luminosos e coloridos. Não há como a Língua Portuguesa para adoçar a boca com meiguices de palavras e frases aconchegadas em cada enrolar da língua.

É bom falar em Português, escrever em Português, ler em Português, cantar em Português, declamar em Português.