Santuário
Sem portas para abrir, o templo está exposto, descoberto, cheio de dom e de graça. Ali me confesso. Ali contemplo, inspirada por tudo o que meu espírito abraça.
Em recolhimento, agradeço, pelo sol que me banha, pela luz que me ilumina, pelos odores frescos que me acolhem, pela brisa que me agracia.
Os cânticos são belos, magistrais, embora de vozes não humanas, delicadamente afinadas, angelicamente naturais.
Deste banco absorta, em grata contemplação, esqueço-me das horas que me aguardam reclusa da civilização.
A luz vai mingando, já coada pelas altas divindades, sem pedestais nem incensos, erguem-se no madeiro de outras realidades.
Tenho de partir...pena minha. Sem benzedura ou genuflexão, deixo este santuário de alma mais leve, grata e feliz, de reforçada devoção.
Foto: Parque da Cidade - S. Pedro de Avioso - Maia