Já anunciam a Primavera estas primeiras Frésias que desabrocharam num destes dias ensolarados. O doce e delicado perfume recorda-me tempos de infância...as cores enfeitam alegremente o pequeno jardim, onde repousam tantas saudades e alegres lembranças.
As primeiras Frésias são para ti, para que repouses serenamente e me inspires a algo maior...
Quase de mãos dadas, o apaixonado par semeou a planta pequena, franzina, carente de constante afeto. Ela foi crescendo naquele amor extremo, onde não faltava o líquido essencial e a energia da luz. Todos os anos dela germinavam pequeninos botões, vermelhinhos, reluzentes, e ao longo do ano cresciam, envoltos naqueles cuidados mimados e carinhosos. Invariavelmente, no dia catorze de fevereiro as flores abriam as pétalas resplandecentes, como duas asas e com a ajuda do vento partiam sopradas com delicadeza, unindo-se assim a tantas outras que envolviam o céu de um escarlate vibrante e radioso. Nesta demanda colorida, espalhavam as sementes para que outros pares as semeassem no ano seguinte numa renovada prova de amor.
Uma cerca que não cerca, nada impede, só compõe o cenário para fazer dele meu. O meu idílio e retiro espiritual. Vou guardá-lo bem juntinho ao coração e na memória dos nossos dias, em contrução por um futuro cada vez mais de corações costurados e bordados pelos fios dos nossos dias.
Uma cerca, que não cerca, nada impede, só compõe o cenário dos nossos sentimentos que nos unem.
"Acerco-me dela e abraço-a, sinto o seu palpitar que vive nessa beleza eterna de ser a árvore mais mulher que jamais tinha sido vista. Na sua elegância de troncos esguios, nos arredondados e serrilhados das folhas, como bordados, nas flores delicadas e dispostas como um ramo de noiva e nos frutos que emergem do seu aconchego como brincos de dona rica!"
Excerto e ilustração do conto "Avelina" por Olga Cardoso Pinto
Ainda há pouco comentei no blog do José da Xã sobre a simplicidade das coisas do dia-a-dia, aquelas que fazem parte constante dos nossos hábitos e que pela sua singularidade dão o toque de felicidade ao nosso caminho por esta vida. Na continuação deste sentir e pensar, partilho a singularidade de uma caminhada pela Natureza que me faz carregar energias e boa disposição. O simples apreciar de um bom momento ao sol, com uma imensa vista para a vegetação e seus habitantes, e, especialmente, deleitar-me com a preciosa singela companhia de um pisco-de-peito-ruivo que já se habituou à minha presença e que vem cumprimentar, ao seu jeito, cantarolando e esvoaçando curioso. Isto é Felicidade, na mais pura essência, num dia banal que se quer viver em pleno...