À Janela
Por trás daquela janela há algo que não se quer revelar, há segredos escondidos dos olhares. Bem no alto, a janela permite ver o exterior, mas o interior fica ocultado, nada transparece, apenas o ondular do tecido que permeia o vidro. De vez em quando, lá se abre para deixar entrar o ar e a luz sem ser coada pelo linho da cortina, ainda atento para ver se te miro...pobre de um jardineiro que da beleza cuida, porém, a mais bela flor recata-se e eu encantado estou.
O jardim ganha as mais lindas flores, tratadas pelas minhas mãos e pelo meu carinho. Junto à tua janela, cheia de segredos e ocultação, crescem as heras, incansáveis trepadeiras que mimo para irem lá ao alto espreitarem. Acalento a loucura de elas terem olhos e verem-te por mim. Sonho acordado pela manhã ou pela tarde, que assomes à janela e me faças adeus e sorrias. Enquanto sonho, vou acarinhando as heras. Quando um belo dia te fores debruçar, talvez elas tocarão o teu belo rosto e, neste jeito inocente, à janela beijar-te-ão por mim.