Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

A Cor da Escrita

Páginas onde a ilustração e o desenho mancham de cor as letras nascidas em prosa ou em verso!

Páginas onde a ilustração e o desenho mancham de cor as letras nascidas em prosa ou em verso!

Desafio Cartas do Correio

06.04.21, Olga Cardoso Pinto

frésia.JPG

Hoje respondo ao desafio Cartas do Correio proposto pela Célia do blog Raios de Sol.

Obrigada Célia por te lembrares de mim e me desafiares. Um beijinho grande.

Esta minha carta não vai pelo correio, tão pouco para o e-mail, vai algures para o céu, tenho a certeza.

 

 

Meu querido Pai,

Hoje escrevo-te num dia lindo de sol. Nesta Primavera que nasceu quente, cheiinha de odores, cores e flores por todo o lado. Gostava que estivesses aqui, nesta varanda que tanto gostavas onde se espreguiça o olhar quase até ao infinito. Apreciarias com grande gosto e carinho as cercanias de campos e floresta, as aves sempre em alegre rebuliço, o correr ligeiro do ribeiro que será forte rio e depois mar. Inspirarias fundo e dirias com graça que cheira a aldeia impoluta, somente de vez em quando perfumada por autêntico Chanel estrume! Depois tomarias um cafezinho, debruçado sobre o parapeito e pedirias que te servisse um cálice de Porto, aquele que muito apreciavas.

Recordo-te com saudade nas tuas calças de ganga, camisa azulada de manga curta e riscas claras, sempre impecável e perfumado. Os netos rodeavam-te à espera de brincadeiras breves e de conversas atentas sobre a tua meninice, trarias sempre um presente – uma bola, um carrinho, um chocolate.

Hoje escrevo-te e olho para o vaso onde habita o abacateiro, repleto de frésias coloridas (símbolo da amizade, do altruísmo e do amor) para recordar a nossa África.

Hoje escrevo-te para matar a saudade, para trazer para a frente da memória lembranças que nunca se apagam do teu aconchego, do teu abraço e das nossas conversas que me fazem tanta falta.

Sei que terei a tua resposta a esta minha carta num destes dias, sob uma qualquer forma nem que seja num sopro da brisa, num desabrochar de flor, num voo de andorinha…

 

Um beijo eterno da tua filha caçula,

Coelhinho Branco

 

 

20 comentários

Comentar post