Desafio: Se não fosse humana que outro animal gostava de ser...
Mais um desafio da querida amiga Ana de Deus, e agora há nova casa para todas estas histórias: «Os desafios da Abelha».
Neste desafio «Se não fosse humana que outro animal gostava de ser» estendi-me nas palavras, mas creio que a Ana não se importará, pois é um tema que dá muito gosto escrever.
Obrigada Aninha pelo convite! E continua a motivar-nos a escrever em grupo.
Numa outra vida, num outro lugar, fui alguém que não sabia o que eram amarras, o que eram grades aprisionantes, o que era ser sedentário, agarrado sempre ao mesmo espaço, ao mesmo céu.
Numa outra vida, num outro lugar fui uma ave. Só poisava para dormir. O céu era o meu meio, o meu espaço. As minhas asas pequenas eram fortes, com elas cruzava os céus deste mundo que era todo meu. Viajar era a minha vida, para países longínquos naquela África, que tal como o significado da palavra deste continente, era uma empreitada recheada de façanhas e valentia da qual só sobreviviam os mais fortes. Anunciei muitas Primaveras ao voltar ao lugar onde nasci, num ímpeto instigado pela Mãe Natureza, numa ânsia de partir e voltar, sem malas, nem adereços, somente a família mais rica em novos membros. Fui feliz na minha singularidade, na minha combinação de cores – o preto de brilho azulado e o branco, com retoques de carmesim na minha pequena cabeça onde crescia o amor e o cuidar da família e da comunidade. Naqueles finais de tarde os meus silvos juntavam-se a tantos outros, nos volteados ondulantes pelos céus de verão. Era essa a liberdade de um pequeno ser, de uma bela ave de nome andorinha-das-chaminés que fui numa outra vida, num outro tempo sem preconceitos, numa vivência feliz e singela.
Agora como humana, gostaria de voltar a ser perfeita, ter tudo e não ter nada, ser simples no viver, ser liberdade, ser uma andorinha...