O desafio de desenhar com palavras
Desenhar com palavras foi o desafio que não me deixou indiferente. Bastou o título para captar a minha atenção.
Obrigada minha amiga Ana de Deus por me referires neste teu desafio.
Bjs
Vi-o num espelho refletido, sem saber quem era. Esse rosto desconhecido, elegante, belo, no entanto, incompleto, esbatido sem deixar entrever o nariz e a boca, nem o remate do queixo. Cada vez que me mirava nesse velho espelho, eras tu que via. Admirada por tal visão quis saber quem eras. Mais ninguém te divisava, duvidei da minha sanidade. Por seres a aparição no espelho de família, esquecido no empoeirado sótão e resgatado graças ao meu constante deambular pela casa adormecida, presumi que foras alguém do meu passado. Uma avó, uma tia? Quem?
Vasculhei nas antigas caixas feitas de metal da bisavó. Inúmeras fotografias retratavam passeios, entes queridos nascidos e falecidos há muito. Paisagens coloridas a pincel. Mas a ti não te via retratada nas películas amarelecidas, no sépia que invadia a mesa e a minha mente.
Voltei aos álbuns, às fotografias espalhadas. Já tentada a desistir nesta procura que se assemelhava a loucura, levantei os olhos e sobre o aparador lá estava a fotografia desbotada de uma mulher sentada, em pose de fotógrafo de estúdio. Retoquei o teu lindo rosto, definindo-o a aguarela. Contornei o nariz fino, depois os lábios e finalmente o contorno do teu belo rosto sem nome.