O musgo e a pedra
O musgo de quem está parado.
O musgo que cresce naquele que não sai do lugar, que não procura a mudança, que vive só em pousio do espírito e do estar.
O musgo grela pausadamente, alonga-se como cabelos naqueles que se fazem pedra, duros que não se conseguem mexer. Para ali estão, quedos e mudos como a imponente rocha, roliça sem rolar, temerosa pela avalanche dos acontecimentos.
O musgo cresce e invade cada superfície da pedra quieta. A ele também se agarram outros que querem viver, ascender, fazerem-se grandes.
O musgo é fofo e nele habitam tantos seres e criaturas, todos envolvem a rocha, num conforto de prazer e quietude perfeita como um ninho. O não sair do lugar torna-se costume e então o musgo cobre-a. A pedra, a rocha imponente, já não é mais do que um campo de líquens que nela fizeram o seu lar. Crescem. Crescem rasteiros, dando-lhe forma à sua vontade.
Se a pedra se movesse, sacudiria o musgo e os restos de vegetação que a cobrem. Se rolasse por ali fora, criava um estridor à sua volta, despertando quem dormia, contagiaria todos no seu rolar. Todos em movimento ensurdecedor, mudariam a paisagem, criariam novas formas, sustentariam outros seres. Seriam campo de mudança...
Respondendo ao Desafio de Escrita da nossa querida Isabel "1 foto, 1 texto",do blog Pessoas e Coisas da Vida