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A Cor da Escrita

Páginas onde a ilustração e o desenho mancham de cor as letras nascidas em prosa ou em verso!

Páginas onde a ilustração e o desenho mancham de cor as letras nascidas em prosa ou em verso!

Quartas de Contos

Avelina IV

06.03.24, Olga Cardoso Pinto
AVELINA (Continuação)   🍃   Avelina foi crescendo em graça, simpatia e doçura. Era uma criança meiga e prestativa, desde tenra idade ajudava os pais adotivos, porém, sempre que podia escapulia-se para a floresta, para o seu meio natural e originário, onde passava horas junto da aveleira que engrandecia a cada ano que passava. Celeste e António adoravam a criança que lhes fora confiada, um milagre escondido dos vizinhos, somente dizendo que era uma parente que tinha ficado (...)

Quartas de Contos

Avelina III

28.02.24, Olga Cardoso Pinto
AVELINA (Continuação)   🍃   No tempo da aveleira ela deu os frutos, colhidos com tanto carinho pelas mãos calejadas que lhe ajeitaram a forma. As avelãs que gerou eram graúdas em tons de canela, vistosas, dando à árvore um orgulho vegetal, competindo com os castanheiros que exibiam os ouriços prenhes de gordas castanhas luzidias. Muitas avelãs foram deixadas, para os pássaros, para enriquecer o solo e para colheita tardia. Assim, enfeitada de frutos e rubras folhas, (...)

Quartas de Contos

Avelina II

21.02.24, Olga Cardoso Pinto
  AVELINA (continuação)   🍃   A tarde estava encrespada pelo frio cinzento. O vento bufava trazendo enregelada a chuva que principiara a cair, ainda miúda, daquelas nuvens escuras que pareciam odres enfunados. — Logo à noite vamos ter muita chuva. — Agasalha-te homem! Não queres ficar doente agora no princípio do frio, com esta morrinha. Quando saíram do aconchego da casa, o vento esbofeteou-os e a chuva num cair leve e diáfano concedia à paisagem um efeito de (...)

Quartas de Contos

Avelina I

14.02.24, Olga Cardoso Pinto
Às quartas-feiras irei por aqui publicar, na íntegra, contos meus. Alguns excertos já foram partilhados, porém, agora achei que gostaria de os partilhar com todos aqueles que gostam de me vir "visitar" ao blog. Espero que apreciem, conto com os vossos comentários e agradeço, com carinho, as vossas leituras. Bjs   AVELINA   Uma aldeia recôndita, enovela-se, aninhada entre a montanha e a imensa floresta. Um mistério que é também um milagre feito criança na vida de um idoso casal. (...)

Recomeçar

Microconto

27.12.23, Olga Cardoso Pinto
    Subia a ladeira, cansado, sem fôlego, as pernas já não tinham a mesma força de outrora. O velho parou para recuperar energias. Mirou lá do alto o mundo, todo ele repleto de humanos e tão pouca humanidade. Viu a destruição, a fome e a guerra, a natureza devastada, a exploração desenfreada dos seus recursos, a biodiversidade alterada, as crianças subjugadas sem futuro...Baixou os braços, derrotado. No início, pensara que seria ele a fazer a diferença, como estava (...)

Segredos

20.11.23, Olga Cardoso Pinto
  "Glória ia sendo lentamente seduzida pela vida singela deste mundo rural. Durante o dia, aos poucos, ia esquecendo as lembranças que à noite teimava em guardar e a revisitar vezes sem conta, com o intuito de não as olvidar, arreliava-se até por esquecer um ou outro pormenor da antiga casa, da antiga rua e da escola. Contudo, nunca saíra das redondezas sozinha. Naquela manhã saiu decidida, depois de avisar o pai que ia num pequeno passeio. Não o confessava, mas o irmão era o (...)

Leituras: Microconto

O lenço dos Namorados

03.11.23, Olga Cardoso Pinto
  O ritmado da mão e da agulha no passajar, hipnotizava-a, tornava-lhe a mente dormente, aturdida para os ruídos exteriores, do cacarejar das galinhas e do zurrar dos burros. O bordado ia nascendo daquelas mãos pequenas de dedos curtos e arredondados, como um parto sem dor, todo ele florido. No aconchego do alvo linho, a jovem semeava belas flores coloridas. Torneadas filigranas de fio e seda, enroscavam-se na bordadura daquele lenço que ganhava sentimento e alma. Ana bordava (...)

O azevinho já frutificou

17.10.23, Olga Cardoso Pinto
    "Vou contar-vos uma estória sem tempo nem lugar. Perdeu-se no novelo dos séculos o pormenor que fazia dela uma estória pessoal. O tempo pode tudo e não pode nada. Pode curar e transformar, mas esquece e basta o sopro de novas vidas para que se perca o rasto poeirento das lembranças. Mas a natureza lembra, mesmo a mais ínfima lembrança deixa-a a vogar no cosmos… Tudo começou numa manhã de primavera. Estamos dentro de uma casa, antiga, arrumada. O sol entra pela janela da (...)

Leituras de verão

09.08.23, Olga Cardoso Pinto
    "O verão revelou-se abrasador, dias quentes que consumiam as energias, o alimento e a água. O ribeiro ia ralo, aos poucos as ervas e as plantas morriam, deixando o campo manchado com o tom da seca. Os animais, as plantas e todos os seres gritavam por água! Então, o velho Freixo condoído pela dor dos amigos e de todos os seres, abriu a boca larga e cantou… a melodia envolveu o ar, redopiou e foi levada pela brisa até às nuvens. Como ordenadas e comandadas por uma forte (...)

Mistérios...

03.08.23, Olga Cardoso Pinto
  O casal acercou-se da árvore. Encostaram o peito, o rosto e as mãos nuas ao áspero tronco, sentiram, então, um estremecer leve que foi ganhando cada vez mais força num rufar ritmado. O corpo quente da árvore vibrava em sintonia com o bater dos seus corações. António e Celeste entreolharam-se e deram as mãos continuando a envolver a aveleira. A passarada agitada esvoaçava e chilreava amiúde, fazendo as copas lá em cima restolharem como se fossem rajadas de vento. Um som (...)